Frações Indomáveis

Frações indomáveis – Vera Orsini 

Desde 2017 acompanho a pesquisa artística de Vera Orsini, de um curso sobre Livro de artista. Pesquisa que me surpreende e me motiva toda vez que me deparo com as abordagens e procedimentos das construções visuais que esta artista opera. Frações Indomáveis é o projeto que disponibilizamos para usufruir aqui no TOTE Espaço Cultural em Sousas, Campinas

As obras de arte na exposição, nas suas frações e indomabilidade, alertam sobre dicotomias conceituais, estéticas, investigativas e materiais que se estruturam nas definições da chamada arte contemporânea. Isto porque Orsini, na construção de seus manifestos visuais, tensiona e desarticula ao articular, de forma particular, as impossibilidades de reposição constante dos próprios limites e nesses, recorrências visuais e linguísticos tradicionais. Vemos isto em instigantes e intrigantes processos de construção e/ou desconstrução de reflexões sobre a arte como em PAISAGENS APROXIMADAS – 2023, série de impressões digitais sobre tecidos construída especialmente para o projeto. Um potente diálogo com também potente e desafiador espaço arquitetônico do TOTE.

Fracionar é desestruturar, construir frames particulares que se transformam em manifestos híbridos particulares e fazê-los indomáveis subjetivamente nesses particulares como na série   FRAÇÕES DE LUZ - 2020 . Rizomas que, a partir do domínio dos materiais, reverberam da concepção à subjugação de materialidades, daí à projeção de novas realidades e a possibilidades de usufruí-las subjetiva e sensorialmente. Maleabilidade, transparências, cartografias expandidas e contaminadas como em EXTREMOS 2021, livro de artista. 

Concomitantemente com a multiplicidade de materiais, e suas combinações na construção de suas obras de arte. Em 2019 Orsini sugere a exaltação e manutenção  da função crítica da arte, mas são críticas de sistemas de imagens que não podem ser abarcados totalmente pelo sistema da arte .

Já na exposição VERA ORSINI – Translúcidos percursos no AT|AL|609 – lugar de investigações artísticas – a artista alertava sobre os processos de conjugação que elabora nas suas obras de arte como dispositivos de transformação, e como possibilidade de associação. A efetivação artístico-processual é recorrente na construção visual da artista. E como elas aparecem como um arsenal de forças reais entre todos os agentes artísticos contemporâneos que tocam e se tocam, que atravessam e se atravessam.

Nessas narrativas construtivas a artista nos faz circular pelos processos que desencadeiam dialeticamente na concretização de abordagens nas obras de arte. Por exemplo, das imagens digitais da Fundição de Piracicaba – O SOM DO SILENCIO - 2020 às esculturas e/ou instalações com vidro  “OCELOS” 2020/2022  e  ESPLENDOR DOS CONTRÁRIOS - 2022 .

 As impressões digitais em diferentes suportes e as obras de arte nos seus fluxos dialéticos com os espectadores e/ou participantes constrõem uma narrativa contagiosa e cíclica que nos transporta por trilhas sensoriais que estruturam novas sensibilidades. Reforçando assim a maleabilidade formal, espacial e conceitual   da pesquisa da artista em um permanente enfrentamento experimental articulado e transitivo, como as possíveis leituras e conjecturas conceituais se intensificam na direção da materialidade e da espacialidade. Aparecem então fotografias escultóricas e/ou esculturas fotográficas, livros de artista como instalações, e instalações como esculturas e como livros de artista, construídas a partir e como frações indomáveis. 

PhD Andrés I. M. Hernández
Curador
São Paulo, outono de 2023

silvia ribeiro

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